A diplomacia económica portuguesa - a formação de uma nova geração de international «trade promoters»

01-04-2011 12:23

A globalização das relações internacionais e a integração de Portugal no Espaço Europeu aquando da adesão à ex-CEE em 1986, colocaram novas desafios à máquina diplomática portuguesa que actua no campo da diplomacia económica. A diplomacia económica passa a ganhar relevância em detrimento das questões tradicionais da agenda diplomática.

O domínio de matérias como acordos comerciais entre a UE e os Estados Unidos, acordos aduaneiros entre a UE e o Mercosul bem como um conhecimento aprofundado de instituições económicas multilaterais como a OMC, UNCTAD e UNIDO passam a justificar o surgimento de um novo tipo de diplomata - o diplomata comercial.

Este novo diplomata com formação base em relações económicas e comerciais internacionais, um domínio aprofundado das matérias do comércio internacional e uma visão global das relações internacionais passa a desempenhar um papel-chave na defesa dos interesses das empresas portuguesas, dos sectores-chave da economia portuguesa e a dar um contributo para a internacionalização das empresas nacionais, e para a promoção das nossas exportações e captação de Investimento Directo Estrangeiro (IDE).

Nesta presente situação, a criação da Agência Portuguesa de Investimento ( API), a reorganização do ICEP e a autonomia da entidade que é responsável pela promoção externa do Turismo , são medidas positivas que vão de encontro a um novo modelo de diplomacia económica que se pretende para Portugal.

Portugal para ser um Estado com forte projecção internacional e capacidade de influência internacional, terá que ter uma diplomacia económica e comercial pró- activa que esteja atenta às mutações rápidas no sistema económico mundial e que conheça em profundidade os mercados – alvo e emergentes com possibilidades de penetração das nossas empresas e com as melhores condições de atractividade de forma a se tomarem decisões correctas nos processos de internacionalização das nossas empresas.

Esta nova geração de diplomatas com experiência internacional e abertas a um Portugal globalizado deverão ter uma nova visão das relações internacionais e das novas condicionantes da nossa Política Externa. Para que isso possa vir a acontecer o Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Ministério da Economia deverão criar uma academia diplomática em que se efectuem programas de formação inicial e contínua onde se abordem as seguintes áreas temáticas:

  • Negociação Internacional

  • Diplomacia Comercial

  • Internacionalização das empresas e das economias

  • Promoção das exportações

  • Comércio Internacional

  • Marketing dos Países

  • Investimento Internacional

  • Mercados Emergentes

  • Línguas

  • Análise internacional de sectores/países

  • Direito Comercial e Económico Internacional


Para além do que mencionei deverá existir uma maior interligação entre estes organismos e as câmaras de comércio e associações de empresários de forma a desenvolver um esforço coordenado de divulgação internacional da marca Portugal e de modo a aumentar a nossa taxa de notoriedade internacional.

Este novo modelo de diplomacia económica para ser implementado deverá ter em conta uma estratégia nacional acima de interesses partidários e corporativistas e, que corresponda a um projecto de longo prazo que contribua para a melhoria do relacionamento internacional de Portugal, para o aumento da competitividade das nossas empresas, para o prestígio internacional e valorização da marca Portugal no mercado global em que a competitividade dos Países mede-se cada vez mais pelos seus factores intangíveis como o seu «Brand State», os Recursos Humanos e as empresas nacionais com capacidade e vontade de internacionalização.

 

Alfredo Motty

FRES - Fórum de Reflexão Económica e Social